Apesar do termo “edema” se aplicar à inúmeras condições, na perspectiva da maioria das pessoas significa basicamente uma coisa: problema de circulação.
Gostaria de abordar neste artigo um pouco das causas de edema para conhecimento geral, mas o foco principal será edema e calor. Porque tantas pessoas estão sofrendo neste verão de 2020 com esta associação e o que poderia ser feito para aliviar.
O que é edema?
Edema é a presença de líquido (basicamente água) excedente em determinado local do organismo. São locais em que comumente há a presença de líquido em pequenas quantidades, mas quando ocorre uma quebra do equilíbrio, por diversos fatores, resulta em um extravasamento de água, formando assim o edema.
Como saber se estou com edema?
Para saber se algum inchaço no seu corpo é edema, basta pressionar os dedos no local. Se ficar uma marca, pode ser sim sinal de retenção.
Somente problema de Circulação causa inchaço nas pernas?
A má circulação realmente pode ser uma causa importante de edema de membros inferiores, mas existem muitas outras condições que podem desencadear ou até mesmo contribuir para a formação do edema. Isto complica um pouco, porque seria mais fácil entender e conduzir causas únicas, como um edema causado somente por varizes, mas muitas vezes existe uma associação de varizes com problemas de coração, rim, calor, etc… Mas não se preocupe, existem especialistas que são capazes de colocar cada coisa no seu lugar!
Causas de Edema
O desequilíbrio dos fluidos geralmente acontece de formas semelhantes em qualquer condição, mas a causa, isto é, o que está por trás do edema deve ser sempre pesquisado, pois somente assim o tratamento será eficaz.
Problemas Sistêmicos na causa do edema
Problemas sistêmicos nada mais são alterações que ocorrem no corpo e que afetam as pernas. Mas por que as pernas? Devido à lei da gravidade. Andamos com os pés. Existe uma diferença de pressão que é menor na cabeça e pior nos pés. Por isso, para melhorar o edema recomendamos elevar as pernas, diminuindo a pressão em relação ao corpo.
Vamos detalhar um exemplo que ocorre no coração?
Outras causas sistêmicas que causam edema:
Anemia, Hipotireoidismo, Gravidez, Insuficiência Muscular (falta de atividade física), Hipoproteinemia (desnutrição), alguns reumatismos, Hipertensão descontrolada, TPM, Insuficiência Renal, Insuficiência Hepática.
Medicamentos que podem causar edema:
– Anti-hipertensivos – anlodipino
– Anti-inflamatórios em geral
– Esteroides
– Antidiabéticos – tiazolidinedionas (Glitazonas)
Estes edemas por serem sistêmicos têm duas características: são uniformes e bilaterais. Prestem bem atenção quando este edema estiver associado aos seguintes sintomas:
1- Dispneia (falta de ar)
2- Dificuldade de dormir: deita e sente desconforto
3- Cansaço excessivo
4- Dor no peito
5- Palpitações
6- Inchaço pela manhã na face
Sempre que tiver edema de membros inferiores, procure um médico para investigar a causa, especialmente quando um destes sintomas acima estiver associado.
Edema Unilateral
Por ser somente em uma das pernas, não pode ser considerado sistêmico, visto que a outra perna também faz parte do corpo. Causas de edema unilateral podem ser agudas ou crônicas. As agudas devem ser investigadas imediatamente.
A causa de um edema unilateral passa pelo âmbito local, setorizado. Algo que aconteceu ou está acontecendo no próprio membro. Ocorre porque existe uma dificuldade da drenagem do sangue que pode ser obstrutivo, como a trombose ou um tumor; ou insuficiências como erisipela, linfedema ou até varizes.
Causas de Edema Unilateral
1- Trombose Venosa Profunda – Formação de um coágulo dentro de uma veia das pernas que impede a circulação do sangue. Este represamento causa extravasamento de líquidos no espaço intersticial gerando edema. Associa-se, em alguns casos, dor e escurecimento do membro. Pode ser extremamente grave se este coágulo se desprender, provocando Embolia Pulmonar. Portanto procure socorro médico imediatamente.
2- Erisipela: Infecção aguda dos vasos linfáticos ocasionado geralmente por uma bactéria (estreptococos). Necessário uma porta de entrada para ocorrer a infecção. Precisa de uma avaliação rápida pois pode evoluir para bolhas e até necrose. Pode ter recidivas e a cada recidiva ocorre uma perda de vasos linfáticos podendo o edema se manter cronicamente.
3- Linfedema – insuficiência no sistema linfático, gerando acúmulo de liquido. Pode ser congênito ou secundário. O secundário pode ser após episódios de erisipelas, retirada de linfonodos como na cirurgia de mastectomia, obstrutivos ou como evolução de algumas doenças como lipedema e filariose)
4- Linfangite não infecciosa: processos inflamatórios ocasionados por agentes externos como exposição à produtos químicos, como de limpeza.
5- Tumor Obstrutivo: Tumor geralmente abdominal que cresce até comprimir uma veia importante dificultando o retorno venoso com consequente extravasamento para o espaço intersticial.
6- Traumas recentes ou antigos – traumas podem evoluir com sequelas, como em uma fratura ou entorse no tornozelo. O mecanismo de edema no trauma pode ser por: lesão de vasos linfáticos, trombose como complicação, insuficiência muscular ocorrido pela atrofia muscular ou inflamatória por desestabilidade das estruturas.
7- Edema compensatório – problemas na perna que dificultam a marcha, como AVC prévio. Problemas de coluna ou sequelas da perna que atrofiam a musculatura podem ocasionar edema.
8- Varizes – as varizes são uma das grandes causas de edema. Veias dilatadas e com refluxo por causa de válvulas insuficientes geram grande quantidade de liquido ao longo de um dia. Ao final da tarde é possível enxergar facilmente, com queixas de peso, dor e um cansaço extremo.
Mas e o Calor? Como causa o edema?
Para quem sofre com inchaço nas pernas, sabe muito bem o peso que o calor representa. Mas por que o calor tem esta influência tão grande? A explicação aparentemente é simples:
Quando existe um aumento da temperatura externa, a temperatura interna (corporal) também aumenta. Para equilibrar a temperatura do corpo, o cérebro, através do complexo hipotálamo-hipófise, manda uma mensagem para os vasos periféricos dilatarem, e com isso, há a perda de calor para o exterior.
Só que pelo ortostatismo (ficar em pé), a pressão aumenta nas regiões da perna e favorece o extravasamento de líquidos para o interstício, ocorrendo o edema.
Outros mecanismos simultâneos estão presentes para manter a temperatura corporal por volta de 36° e explicam outros sintomas associados ao calor, como o suor para diminuir a temperatura, que pode ocasionar desidratação, levando ao organismo reter água e sal contribuindo também para o edema.
Por conta da desidratação e vasodilatação, a pressão arterial cai e a oxigenação cerebral diminui em decorrência da queda de pressão. Todo este mecanismo interno acontecendo durante o calor explica outros sintomas comuns como letargia, dor de cabeça e indisposição.
Temperaturas externas por volta de 41°C podem gerar sintomas ainda mais intensos e risco à saúde. Na tentativa constante em manter o equilíbrio da temperatura corporal, o corpo entra em estresse, ficando sujeitos à danos cerebrais, desde crises convulsivas à isquemia cerebral.
Outra atenção ao calor excessivo deve ser dada aos processos infecciosos, pois ocorre uma inibição de proteínas que auxiliam a ação das células de defesa.
Como aliviar o edema no calor?
“A Chave para aliviar o edema é entender que não se trata de um problema local e sim global com fatores externos, internos e individuais”
- Hidratação
Parece um paradoxo, mas a ingestão de, ao menos, dois litros de água por dia é essencial. Ela evita a desidratação e regula a temperatura corporal. No calor excessivo deve-se extrapolar esta quantidade o máximo possível.
- Exercícios físicos
Praticar atividades físicas é tão importante quanto beber água. A atividade física regular estimula o metabolismo, aumenta a força muscular e ativa a circulação. Porém atente-se ao horário da atividade (prefira primeiros horários da manhã) no calor excessivo e nunca pratique sem consumir muita água, pois pode levar o corpo a um nível de estresse que piora o edema.
- Alimentação
Uma dieta funcional tem importante ação para evitar o edema. Dê preferência a alimentos anti-inflamatórios, com baixo teor de sódio e que estimulem a diurese. Como a base da dieta funcional é o equilíbrio, ela é personalizada e adequada para suas necessidades. Alimentos leves e consumidos em pequenas quantidades durante o dia ajudarão a não sobrecarregar o corpo.
Dieta Funcional
O termo “funcional” aplica-se por restabelecer o equilíbrio entre os sistemas orgânicos gerado pelo nosso estilo de vida, em todos os âmbitos, e com isso reduzir os riscos de doenças e melhorar nossa performance diária.
Quando mencionado acima os sistemas orgânicos e sua interrelação, engloba a fisiologia, fatores emocionais, cognitivos e aspetos estruturais individuais.
Objetivamente, aplica uma conduta singular para manter ou restabelecer o equilíbrio funcional e nutricional e estimular o organismo a modular respostas frente a diferentes fatores que possam desencadear desequilíbrios e doenças.
Atualmente o cuidado na alimentação, vai além do bem estar físico, envolve fatores como stress, alterações emocionais, poluição e substâncias industrializadas.
A nutrição funcional avalia e interfere itens como disbiose (desequilíbrio da microbiota intestinal), intoxicação endógena e exógena (processo de desintoxicação), de hipersensibilidades alimentares, do equilíbrio ácido-base e de infeção fúngica.
A sugestão alimentar sempre é individualizada e equilibrada em macronutrientes, micronutrientes e compostos bioativos. Quando necessário, são prescritas suplementações nutricionais.
Dentro desta perspectiva, sabendo das inúmeras interconexões metabólicas, quero destacar o coração desta proposta que é o indivíduo, no qual os aspetos mentais, emocionais e espirituais influenciam sobremaneira o equilíbrio de todos os sistemas orgânicos.
- Drenagem linfática
A terapia linfática ajuda a ativar e empurrar os líquidos através dos vasos linfáticos, melhorando a circulação sanguínea. A linfa é um líquido formado através da limpeza sanguínea de impurezas e desempenha papel imunitário, juntamente com os anticorpos do sangue. A drenagem vai ajudar a retirar o excesso de líquidos que pode se acumular nos membros inferiores.
- Meia elástica
No verão pode ser um pouco incômodo, e geralmente utilizada somente em casos com alterações vasculares associadas, viagens e prevenção de cirurgias. A meia elástica contribui muito para a redução do edema e pode ser utilizada em casos selecionados. Ela não deve ser colocada com a perna inchada e se colocada de forma incorreta pode piorar o edema pelo garroteamento.
- Medicamentos
Os flebotônicos, são facilitadores da circulação sanguínea pelos vasos. Existem vários no mercado e sempre deve ser prescrito por um médico. Utilizados para pessoas com problemas vasculares venosos e eventualmente para ativar a circulação e com isso redução do edema.