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Medo de Cirurgia de Varizes? Medo 1: Anestesia
Talvez um do maiores medos que envolve a Cirurgia de Varizes, a anestesia é um vilão criado principalmente por más informações.
Durante minha residência médica em São Paulo, há 20 anos, escutei inúmeras vezes dos pacientes a queixa de que a anestesia aplicada na cirurgia tinha sido muito forte. Outros nem chegavam a operar. De cara declinavam com base no seguinte argumento: “não posso operar por causa da anestesia”. Porém, até hoje, de alguma forma, estas mesmas afirmações ecoam na mente da população.
Para abordar este tema, vou recorrer à minha experiência de mais de 15 como especialista na área de Cirurgia Vascular – concluí a residência no início de 2003. Com certeza, já realizei mais de 10.000 procedimentos cirúrgicos venosos. Participei ativamente da evolução da anestesia como um todo, inclusive nas cirurgias de varizes.
Antigamente era necessário ficar um a dois dias no hospital. Um dos motivos era justamente a anestesia. Felizmente muita coisa mudou.
Quais os tipos de anestesia para Varizes?
Antes de especificar os tipos, vale enfatizar que em todas as cirurgias de varizes ocorre a sedação. Isto significa que durante todo o procedimento, tanto anestésico quanto cirúrgico, o cliente estará tranquila e quase todo tempo, dormindo.
1– Local – após a sedação, é realizado uma infusão nas áreas marcadas de uma solução de Klein (mistura de substâncias com anestésico). Isto garante a diluição da anestesia com aumento da potência, da segurança e agrega a possibilidade de fazer grandes áreas, usando apenas esta solução. Outro ponto positivo é a analgesia pós operatória que esta solução produz, chegando até a 18 horas. Geralmente o paciente está apta para receber a alta hospitalar assim que acordar, dependendo apenas da quantidade de veias retiradas.
2- Raquidiana – Anestesia aplicada também logo após a sedação. A cliente poderá estar sentada ou de lado. É realizada, de forma bastante criteriosa, a assepsia das costas e uma agulha do tamanho de um fio de cabelo é inserida no espaço subaracnoideo.
Uma quantidade muito pequena de anestésico é suficiente para bloquear toda a parte inferior do corpo.
Outro fator importante a ressaltar é que houve, ao longo dos anos, uma diminuição significativa do tamanho da agulha e também do formato ( ponta em lápis), que diminuiu significativamente o risco da famosa cefaléia pós requi. Não me lembro a última vez que isto aconteceu com meu paciente ou com o paciente de um colega.
3- Geral ou Peridural- modalidades menos comuns, são somente utilizadas quando as anteriores têm alguma contra indicação ou associada à algum outro procedimento.
Quanto dura o Tempo Anestésico?
Aqui abordaremos outra grande evolução. Antes da cirurgia, a equipe de anestesia monta um protocolo. Uma avaliação pré anestésica é realizada com várias finalidades: checar os exames, avaliar a necessidade de alguma avaliação de outra especialidade, determinar o melhor tipo de anestesia e, principalmente, explicar e tirar todas as dúvidas do paciente.
Em seguida, é emitida uma carta que será recepcionada pelo anestesista responsável no dia do procedimento. Neste dia, inicia- se a medicação pré anestésica antes de entrar no centro cirúrgico. O intuito é manter o paciente calmo e tranquilo para então encaminhá-lo ao centro cirúrgico.
Do início ao fim, geralmente de 4 a 10 horas, os sinais vitais sempre são medidos. E aqui não estou falando somente de pressão arterial, frequencia cardíaca e temperatura. Os aparelhos também evoluíram significativamente com a introdução de monitores multifuncionais com controle total do procedimento. Não existe mais aquela máxima de tirar esmalte para ver a oxigenação das unhas, por exemplo.
Conclusão
Mesmo em anos remotos, a cirurgia de varizes já era considerada uma das mais seguras. A cada dia ela incorpora novos protocolos para segurança e confiança da equipe médica, mas principalmente visando a segurança total do paciente.