Vermelhidão, dor em queimação intensa e aumento da temperatura na pele de pés e mãos são os sintomas mais comuns.
“Semana passada atendi um retorno de uma moça com eritromelalgia. Ela realmente me chamou atenção, estava extremamente feliz porque estava conseguindo dormir a noite. Após passar por vários médicos sem encontrar algo que aliviasse sua queixa, estava desanimada.
A queixa de vermelhidão, aquecimento e dor nos pés eram frequentes desde que desenvolveu uma doença auto-imune. Intensificava principalmente a noite, sofrendo com dificuldade de dormir e um grande desconforto.”
Apesar da eritromelalgia ser uma desordem não muito comum, descrita inicialmente por Mitchell em 1878, é necessário o conhecimento deste problema, pois gera muito incomodo e pode ser aliviado com tratamento.
Caracteriza-se pela tríade de hipertermia paroxística de extremidades com eritema, dor em queimação intensa e aumento da temperatura cutânea. Acomete, primariamente, pés e mãos, mas também as orelhas, em casos mais raros. Calor excessivo, exercícios físicos, lençol ao dormir e o uso de meias e luvas podem atuar como fatores desencadeantes dos sintomas ou intensificar o desconforto, enquanto o frio provoca o seu alívio.
Apresenta um curso crônico, e está associada à diminuição da qualidade de vida. A eritromelalgia é classificada como primária ou secundária. A forma primária pode ser classificada em: familiar (herança autossômica dominante) ou esporádica, e em início juvenil (antes dos 20 anos, frequentemente antes dos 10 anos) ou adulto. Eritromelalgia familiar de início juvenil está associada a mutações no gene SCN9A que codifica um canal de sódio voltagem-dependente, e é mais frequente no sexo masculino. Eritromelalgia secundária pode estar associada a várias desordens, tais como: trombocitopenia, policitemia, distúrbios mieloproliferativos, hipertensão arterial, vasculite, lúpus eritematoso sistêmico, esclerodermia, artrite reumatoide, doença de Raynaud, HIV, gota.
Existem de anormalidades vasculares que resultam em edema endotelial (na célula), com aumento da temperatura e fluxo sanguíneo, hipóxia, agregação e ativação das plaquetas, com liberação de prostaglandinas que produzem eritema e dor. Foi observada também a presença de uma neuropatia de pequenas fibras.
Seu tratamento inclui drogas que agem na neuropatia, como gabapentina, antidepressivos tricíclicos e inibidores seletivos de recaptação da serotonina, e na vasculopatia, como ácido acetilsalicílico, betabloqueadores e antagonistas de canal de cálcio.
Dr. Ronaldo Daudt. CRM-PR 29985, Especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular pela SBACV. Member of Society of Vascular Surgery. Mais de 15 anos de experiência de especialidade.