Como funciona a Circulação?

O coração bombeia 4 a 6 litros de sangue por minuto, isto significa por volta de 7 mil litros de sangue por dia na sua circulação.
 

Existem três tipos de vasos: as Veias (sistema venoso), as Artérias (sistema arterial) e o sistema Linfático. As artérias saem do coração e levam sangue rico em oxigênio e nutrientes para todo o corpo. As veias são responsáveis por retornar o sangue ao coração e assim completar o clico da circulação. As artérias precisam ser mais robustas do que as veias para aguentar a pressão que o coração faz a cada batimento. Já as veias (principalmente das pernas) têm um outro desafio: vencer a gravidade sem a ajuda do coração. O sistema linfático drena a Linfa e compõe a harmonia da circulação seguindo uma rota paralela a do sistema venoso, mas que no final desemboca no coração.O sistema linfático é uma grande rede de vasos e ganglios que desempenha uma importante funçao no transporte da linfa, na defesa imunológica e na homeostase(harmonia) dos fluidos além de ajudar na filtragem do sangue. 

Sistema Venoso

As Veias tem um grande desafio: retornar todo sangue que chegou de volta para o coração.

Como  as veias conseguem atingir tal objetivo? Felizmente o corpo humano possui mecanismos para auxiliá-las nesta tarefa, as válvulas e a panturrilha (grupo muscular conhecido como batata da perna). As válvulas são pequenas estruturas que ficam no interior da veia que tem como principal função tornar o fluxo unidirecional para o coração. Quando o fluxo está em direção ao coração elas se abrem, mas quando o fluxo tenta voltar em direção aos pés elas se fecham.  Somando-se a isto, temos a panturrilha, um grupo de músculos que envolvem as veias principais na região da perna, e é considerado como o “segundo coração“, isto porque a cada ação destes músculos ocorre a compressão das veias, como se fosse um bombeamento. As veias, então, comprimidas fazem o fluxo de sangue se movimentar, e juntamente com a ação das válvulas, somente em direção ao coração.

Válvulas e Panturrilha – a musculatura da panturrilha funciona como um coração bombeando o sangue para cima, neste momento a válvula se abre. Quando a musculatura relaxa a válvula se fecha.
 

Formação das Varizes

E quando estas válvulas não trabalham corretamente? Surgem as varizes, que são veias superficiais dilatadas e tortuosas que ocorrem porque as válvulas não são capazes de selar este fluxo unidirecional. Como resultado, o sangue sofre refluxo, e passa a dilatar as veias. Este processo vai aos poucos se agravando e estendendo-se para outras veias. Com o tempo, grande quantidade de sangue fica represado dentro das veias dilatadas e tortuosas.
 
 
Válvula normal – o sangue não reflui (fluxo unidreional)
Válvula varicosa – o sangue reflui (fluxo bi-direcional)
 

 

Sintomas decorrentes das Varizes

Vários sintomas podem ocorrer com este acúmulo de sangue. Sensação de perna pesada, formigamento, dor, queimação, latejamento, câimbras, edema de tornozelo, prurido, pernas inquietas, dor ao longo da variz e cansaço estão entre os mais comuns. Alguns evoluirão para sintomas mais avançados como tromboflebite, sangramento de varizes superficiais, alteração de pele, incluindo eczema, pigmentação, atrofia branca e até úlcera.
Pacientes com varizes, também podem se apresentar sem sintomas e sofrer apenas uma preocupação estética, com um impacto psicológico adjacente. Preocupações psicológicas relacionadas à aparência estética das varizes, podem, entretanto, reduzir a qualidade de vida em muitos casos.

 

Avaliação

Avaliação por um especialista é extremamente importante para determinar o grau e o impacto que o problema representa. A precisão dos dados tem progredido grandemente nas últimas duas décadas com o ultrassom doppler colorido, que se tornou amplamente disponível, além da realidade aumentada e do fleboscópio.

 

Tratamento

 

O tratamento tem como principal função melhorar a circulação, diminuindo o represamento de sangue causado pela insuficiência venosa, podendo ser clínico somente ou associado a um método invasivo. O tratamento clínico controla  as varizes pelo uso de medicações flebotônicas e compressão elástica somadas a modificação do estilo de vida que incluem perda de peso, exercícios e elevação das pernas durante o dia, quando possível.

Os procedimentos invasivos visam a eliminação das varizes e reduzem a taxa de complicações da insuficiência venosa. O método força o fluxo de sangue a se dirigir para as veias saudáveis que foram deixadas. Vários métodos podem ser utilizados, incluindo, escleroterapia, cirurgia e mais recentemente, na busca de diminuir as complicações e melhorar a recuperação, técnicas minimamente invasivas como a terapia a Laser (EVLT), radiofrequência e escleroterapia por espuma.

Cada método tem sua aplicabilidade na qual é somente determinada pela condição individual do paciente, critérios de tratamento e outros fatores. A cirurgia convencional, no Brasil, ainda é considerada como padrão ouro, mas pode estar associada com à lesão neurológica (7 a 40%), cicatrizes,  dor pós operatória e retornos mais prolongados. Embora a cirurgia seja altamente efetiva em curto prazo, a recorrência após 5 anos é aproximadamente de 30 a 50%. Para melhorar a efetividade, a qualidade de vida e reduzir o tempo de pós operatório, complicações e custos, as técnicas minimamente invasivas (micro espuma guiada por ultrassom, radiofrequência e laser endovenoso) estão agora amplamente usadas no tratamento da varizes de membros inferiores.

Um estudo realizado pela Universidade de Roterdã, na Holanda, com alto impacto científico, analisou 64 trabalhos de maior relevância mundial sobre cirurgia convencional e novas terapias para, comparar a efetividade destas diferentes opções de tratamento e melhor direcionar os médicos e pacientes na seleção da intervenção mais apropriada para as varizes de membros inferiores. Como resultado, esta meta análise sugeriu uma taxa de sucesso melhor para tratamentos endovenosos ( Laser e radiofrequência) do que a cirurgia e microespuma, e destas duas o Laser significativamente foi considerado mais efetivo que a  radiofrequência. Este estudo foi publicado em 2010, mas para a medicina, há ainda a necessidade de realização de novos estudos para se chegar a uma conclusão definitiva.coração

Dr. Ronaldo Daudt. CRM-PR 29985, Especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular pela SBACV. Member of Society of Vascular Surgery. Mais de 15 anos de experiência de especialidade.