Trombose Venosa Profunda

(TVP ou Trombo Embolismo Venoso)

Apenas 56% dos brasileiros já ouviram falar sobre o que é trombose e somente metade destes sabem quais são os sintomas.

ENTREVISTA DR. RONALDO DAUDT SOBRE TROMBOSE

Dor, inchaço e vermelhidão nas pernas. De uma hora para outra sua perna começou a latejar ou ficar roxa em alguma região? Ou ainda, as “panturrilhas” ou batatas da perna começaram a ficar endurecidas? Cuidado: se você apresenta um desses sintomas, é possível que esteja sofrendo de trombose. A Trombose ou trombo embolismo venoso “TEV” é a presença de um coágulo dentro de um vaso, tanto em veia quanto em artéria. O mais comum é o coágulo se formar dentro de uma veia e, em 90% dos casos, nos membros inferiores, ou seja, nas pernas. Quando se forma nas veias das pernas ou dos braços, com menor frequência, é a chamada TVP (Trombose Venosa Profunda).

“O grande problema deste coágulo é que ele pode viajar pelo corpo, passar pelo coração e alojar- se no pulmão, causando um infarto pulmonar “uma isquemia pulmonar”, ou seja, falta de sangue em uma parte do pulmão. Pode portanto provocar uma segunda doença chamada TEP (Trombo Embolismo Pulmonar) e aí se tornar fatal”. Cerca de 150.000 pessoas desenvolvem todo ano TEP no Brasil, destes 22% dos casos são fatais frente à 13% das pessoas que sofrem de infarto. Nos Estados Unidos, o índice de trombose registrado é maior. São 600.000 casos anuais. “A estatística de lá é maior, provavelmente, por conta dos Estados Unidos oferecerem um programa de diagnóstico e prevenção mais eficiente que nosso sistema de saúde”, explica o Dr Ronaldo Daudt, cirurgião vascular.

O curioso é que apesar desta doença ser grave, apenas 56% dos brasileiros já ouviram falar sobre trombose e somente metade deste grupo sabe definir quais são os sintomas. E justamente conhecer os riscos e sintomas são fundamentais para um diagnóstico precoce e um tratamento mais efetivo para evitar um desfecho fatal da doença. Os sintomas da Trombose são diversos. Dependem do local onde o coágulo se formou e de como ele iniciou esta formação. Em 90% das vezes, a pessoa com TVP desenvolve sintomas unilaterais, isto é, os incômodos aparecem somente em uma das pernas, sendo o edema, ou inchaço, o mais comum. Já os sintomas da Embolia Pulmonar vão depender do tamanho deste coágulo e da extensão acometida do pulmão. O paciente pode desenvolver desde cansaço de início recente, súbito, até falta de ar que impossibilita as pequenas atividades diárias como amarrar um sapato, escovar os dentes, etc. Outros sintomas além da dispneia “falta de ar” são: tosse seca ou com presença de sangue, dor torácica e coração disparado “taquicardia”.

A TVP, Trombose Venosa Profunda, não provoca a perda da perna. “Este é um grande equívoco que eu vejo entre os pacientes que me procuram no consultório”, observa o Dr Ronaldo. A TVP pode provocar a morte de uma pessoa por causa da evolução da doença para Embolia Pulmonar. Diferente da trombose arterial que já seria uma outra doença menos comum. Na trombose arterial verificamos a falta de sangue em um dos membros, a pessoa não tem pulso, sente uma dor insuportável para andar, pode desenvolver feridas e outros sintomas mais específicos. “Aí sim o tratamento indicado seria a amputação. Mas a grande maioria, repito, corre risco de morte e não de amputação”.

Existem pessoas que pertencem a grupos de risco e por isso têm chance maior de desenvolver a doença. Pessoas obesas, com histórico familiar, fumantes ou com alguma doença específica como câncer e trombofilia. Devem ficar bastante alertas também as mulheres que usam anticoncepcionais. Existem os fatores de risco que servem tanto para as pessoas que pertencem a algum grupo de risco, como para toda a população. São eles: (1) Lesão Endotelial, que ocorre por um trauma como acidentes, fraturas ou cirurgias; (2) Estase Venosa, presente em pessoas acamadas ou submetidas à viagens prolongadas e que ficam muito tempo sentadas sem mexer os pés; (3) Hipercoagulabilidade, quando o sangue tem uma condição em que ele fica mais grosso. São pessoas com câncer, com trombofilia, pessoas que fumam ou em mulheres que usam anticoncepcional.

Para prevenir, existem algumas situações devem ligar um pisca alerta na população, especialmente para quem pertence a algum grupo de risco. Para pacientes internados, os hospitais geralmente seguem protocolos como estimular a andar, quando possível, ou prescrever medicamentos para prevenir diretamente o risco de trombose. Pergunte ao seu médico se está fazendo essa profilaxia e se existe indicação. Outra situação ocorre quando é necessário um procedimento cirúrgico. Alguns cuidados devem ser tomados principalmente se o paciente fizer uso de anticoncepcional. É indicado descontinuar o uso 30 dias antes do procedimento. Tabagismo. Isto é um problema porque o indicado é ficar sem fumar três semanas antes do procedimento e a maioria dos fumantes não conseguem.

Trombose X Anticoncepcional

O uso de anticoncepcional, por si só, já provoca um risco aumentado, especialmente as pílulas novas que contém a presença de dois hormônios. Mulheres que utilizam o anticoncepcional devem ficar atentas à algumas condições quando for realizar cirurgia. Avise o seu médico, ele deverá provavelmente suspender o uso 30 dias antes. Se for fazer viagens prolongadas, deve-se usar meia elástica e se tiver outros fatores associados como obesidade, histórico familiar e tabagismo talvez seja necessário até usar medicamento. Mulheres acima do peso ou com histórico familiar de trombose também devem avaliar outros métodos de contracepção para diminuir a associação de fatores de risco.

Trombose X Síndrome do Viajante

Um caso curioso que pode provocar trombose é o chamado Síndrome do viajante, ou “síndrome da classe econômica”. Esta condição também aumenta o risco de trombose. A altitude e os assentos cada vez mais apertados faz com que o passageiro restrinja seus movimentos. Como prevenir neste caso? Use meias elásticas e levante a cada uma hora ou a cada duas horas –  faça alongamento e ande pelo avião. Importante também hidratar-se em grande quantidade e eventualmente usar medicamentos. Lembrando que apesar de ser chamada síndrome da classe executiva estas dicas valem para todas as viagens prolongadas, seja de carro ou de ônibus.

Escrito por: Marina Ferriello | marinafvcd@gmail.com

Ainda tem dúvidas sobre Trombose? Não hesite, Pergunte.

Dr. Ronaldo Daudt. CRM-PR 29985, Especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular pela SBACV. Member of Society of Vascular Surgery. Mais de 15 anos de experiência de especialidade.
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